quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

HISTORIA DA ESPIRITUALIDADE OCIDENTAL - VITOR SANTIAGO BORGES





Pelo título do livro, esperei que falasse sobre as religiões encontradas na cultura dos ancestrais ocidentais, a influência exercida pelas religiões dos colonizadores sobre as originalmente encontradas aqui e o resultado encontrado a partir desta mistura de culturas espirituais. Todavia, não foi o que encontrei.

O livro fala sobre o desenvolvimento das religiões e da ideia de Deus a partir do uso da Bíblia, além da influência exercida pelas ciências físicas e naturais sobre a espiritualidade.


Portanto, a ideia não se restringe ao estudo da espiritualidade ocidental, mas ao caminhar da crença no Deus do Cristianismo durante toda a história humana.


Trata-se de um livro longo de 527 páginas, dividido em 11 capítulos, introdução, considerações finais e índice remissivo.


O primeiro capítulo distingue a doutrina religiosa da experiência do sagrado de forma que na religiosidade o homem cria os seus deuses e na sacralidade o próprio Deus se impõe.


O segundo capítulo define a espiritualidade partindo da sacralidade de um Deus que se impõe sobre Israel mesmo sem que saiba que Ele existe.


O terceiro capítulo discute as formas de conhecer Deus, citando a ideia platônica de que a alma é um estado potencial destinado a contemplar o Divino e a impossibilidade de conhecer Deus por meio dos sentidos e da dedução.


O quarto capítulo revela a necessidade de uma alma altruísta que se esvazia de si mesmo para alcançar o desenvolvimento espiritual.


O quinto capítulo torna claro que a Sabedoria é algo espiritual gratuito que conhece e discerne internamente o mistério da Redenção que visa inserir a humanidade no corpo místico de Cristo participando de sua Divindade.


O sexto capítulo discute a importância do Pentateuco para o Judaísmo e para a Cabala, além de explanar as crenças do Gnosticismo, do Maniqueísmo, do Cristianismo e do Arianismo quanto ao conhecimento.


O sétimo capítulo entra na parte da história em que o Cristianismo se enfraquece devido à expansão do mercado e à globalização, levando ao declínio institucional e espiritual da Igreja e, por conseguinte, ao surgimento do Islamismo no Oriente Médio que enfrenta o acúmulo de capital pregando a sua distribuição igualitária a fim de que sua sociedade se torne fiel a Deus e da Alquimia no Ocidente que liga a natureza e o homem.


No oitavo capítulo, o autor fala sobre a crise de identidade enfrentada pelo Cristianismo devido à queda de Roma que misturou os valores da fé com as ambições políticas, sobre a reforma gregoriana que se atém a corrigir os desvios morais da Sé e sobre a doutrina pregada pelos pensadores da época na tentativa de resgatar e disciplinar o Cristianismo, tais como: Bernardo de Claraval, Francisco de Assis, Joaquim de Fiore, Tomás de Aquino, Eckhart de Hochheim, São João da Cruz e Teresa de Ávila.


O nono capítulo dá sequência histórica ao capítulo anterior discutindo a Reforma protestante que busca uma nova perspectiva da espiritualidade cristã por meio da doutrina de Martinho Lutero, Huldrych Zwingli e João Calvino, além da Contra-reforma católica como resposta à nova interpretação cristã por meio da doutrina do Concílio de Trento e da instituição da Companhia de Jesus.


No décimo capítulo, o autor mostra a influência iluminista sobre a espiritualidade tornando o Deus da Religião no Deus da Ciência. Assim a Ciência começa a discutir a possibilidade do conhecimento de Deus pela racionalidade.


No último capítulo mostra as doutrinas que ainda tentam harmonizar a espiritualidade com o cientificismo moderno. Deste modo discute o espiritismo de Alan Kardec e a nova psicologia que tenta captar o espiritual por meio da experiência cognitiva.


Nas suas considerações finais, o autor deixa claro que, mesmo com a tentativa da Ciência em afastar Deus da influência sobre seus objetos de estudo, em nossa época a espiritualidade cristã está em processo de ampliação por ser a que se revelou conclusiva no aprimoramento e na definição espiritual do homem.

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