Pelo título do livro, esperei que falasse
sobre as religiões encontradas na cultura dos ancestrais ocidentais, a
influência exercida pelas religiões dos colonizadores sobre as originalmente
encontradas aqui e o resultado encontrado a partir desta mistura de culturas
espirituais. Todavia, não foi o que encontrei.
O livro fala sobre o desenvolvimento das
religiões e da ideia de Deus a partir do uso da Bíblia, além da influência
exercida pelas ciências físicas e naturais sobre a espiritualidade.
Portanto, a ideia não se restringe ao
estudo da espiritualidade ocidental, mas ao caminhar da crença no Deus do
Cristianismo durante toda a história humana.
Trata-se de um livro longo de 527 páginas,
dividido em 11 capítulos, introdução, considerações finais e índice remissivo.
O primeiro capítulo distingue a doutrina
religiosa da experiência do sagrado de forma que na religiosidade o homem cria
os seus deuses e na sacralidade o próprio Deus se impõe.
O segundo capítulo define a
espiritualidade partindo da sacralidade de um Deus que se impõe sobre Israel
mesmo sem que saiba que Ele existe.
O terceiro capítulo discute as formas de
conhecer Deus, citando a ideia platônica de que a alma é um estado potencial
destinado a contemplar o Divino e a impossibilidade de conhecer Deus por meio
dos sentidos e da dedução.
O quarto capítulo revela a necessidade de
uma alma altruísta que se esvazia de si mesmo para alcançar o desenvolvimento
espiritual.
O quinto capítulo torna claro que a
Sabedoria é algo espiritual gratuito que conhece e discerne internamente o
mistério da Redenção que visa inserir a humanidade no corpo místico de Cristo
participando de sua Divindade.
O sexto capítulo discute a importância do
Pentateuco para o Judaísmo e para a Cabala, além de explanar as crenças do Gnosticismo,
do Maniqueísmo, do Cristianismo e do Arianismo quanto ao conhecimento.
O sétimo capítulo entra na parte da
história em que o Cristianismo se enfraquece devido à expansão do mercado e à
globalização, levando ao declínio institucional e espiritual da Igreja e, por
conseguinte, ao surgimento do Islamismo no Oriente Médio que enfrenta o acúmulo
de capital pregando a sua distribuição igualitária a fim de que sua sociedade
se torne fiel a Deus e da Alquimia no Ocidente que liga a natureza e o homem.
No oitavo capítulo, o autor fala sobre a
crise de identidade enfrentada pelo Cristianismo devido à queda de Roma que
misturou os valores da fé com as ambições políticas, sobre a reforma gregoriana
que se atém a corrigir os desvios morais da Sé e sobre a doutrina pregada pelos
pensadores da época na tentativa de resgatar e disciplinar o Cristianismo, tais
como: Bernardo de Claraval, Francisco de Assis, Joaquim de Fiore, Tomás de
Aquino, Eckhart de Hochheim, São João da Cruz e Teresa de Ávila.
O nono capítulo dá sequência histórica ao
capítulo anterior discutindo a Reforma protestante que busca uma nova
perspectiva da espiritualidade cristã por meio da doutrina de Martinho Lutero,
Huldrych Zwingli e João Calvino, além da Contra-reforma católica como resposta
à nova interpretação cristã por meio da doutrina do Concílio de Trento e da
instituição da Companhia de Jesus.
No décimo capítulo, o autor mostra a
influência iluminista sobre a espiritualidade tornando o Deus da Religião no
Deus da Ciência. Assim a Ciência começa a discutir a possibilidade do
conhecimento de Deus pela racionalidade.
No último capítulo mostra as doutrinas que
ainda tentam harmonizar a espiritualidade com o cientificismo moderno. Deste
modo discute o espiritismo de Alan Kardec e a nova psicologia que tenta captar
o espiritual por meio da experiência cognitiva.
Nas suas considerações finais, o autor
deixa claro que, mesmo com a tentativa da Ciência em afastar Deus da influência
sobre seus objetos de estudo, em nossa época a espiritualidade cristã está em
processo de ampliação por ser a que se revelou conclusiva no aprimoramento e na
definição espiritual do homem.
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