Construído a partir da sua
tese de doutorado, Brene Brown divide seu livro em sete capítulos, os quais tem
como temática a ousadia, a escassez, a vulnerabilidade, a vergonha, os valores,
a motivação, a ousadia e a criação dos filhos.
Ela define a coragem de ser
imperfeito como sendo a coragem de buscar a plenitude, ou seja, cultivar: a
autenticidade, se libertando do que os outros pensam; a autocompaixão, se
libertando do perfeccionismo; o espírito flexível, se libertando da monotonia e
da impotência; a gratidão e a alegria, se libertando do sentimento de escassez
e do medo do desconhecido; a intuição e a fé, se libertando da necessidade de
certezas; a criatividade; se libertando da comparação; o lazer e o descanso, se
libertando da exaustão como símbolo de status e da produtividade como fator de
autoestima; a calma e a tranquilidade, se libertando da ansiedade como estilo
de vida; as tarefas relevantes, se libertando de dúvidas e suposições; e as risadas,
músicas e danças, se libertando da indiferença e de estar sempre no controle.
Sobre a temática escassez, a
autora o define como o problema de nunca ser o bastante.
Já, sobre a vergonha, ela
assinala que ela se transforma em medo e ele leva a aversão ao risco,
aniquilando a possibilidade de inovação. A forma para destruir esse processo é
por meio da palavra e a da conversa, pois “quanto menos nós falamos sobre a
vergonha, mais controle ela terá sobre nossas vidas”.
Para tanto, a autora cita os
elementos da resiliência à vergonha: reconhecer a vergonha e compreender seus
mecanismos; praticar a consciência crítica; ser acessível; e falar da vergonha.
É importante salientar quais
áreas a sociedade mais aborda como vergonhosos, segundo a autora: a aparência e
imagem corporal; dinheiro e trabalho; maternidade / paternidade; família; criação
de filhos; saúde física e mental; vícios; sexo; velhice; religião; traumas; e
estigmas ou rótulos.
Achei importante citar um
trecho do livro em que ela trata do perfil esperado pela sociedade de uma
mulher perfeita que não tenha com o que se envergonhar:
Seja perfeita, mas não
se preocupe muito com isso e não sacrifique o tempo com sua família, seu cônjuge
ou seu trabalho para atingir a perfeição. Se você for realmente boa, a perfeição
virá naturalmente. Não incomode ninguém nem fira os sentimentos alheios, mas diga
o que pensa. Liberte sua sexualidade (depois de botar as crianças para dormir,
passear com o cachorro e arrumar a casa), mas faça isso com discrição, dentro
dos padrões aceitáveis. Seja você mesma, mas sem que isso signifique ser tímida
ou insegura. Não há nada mais atraente do que a autoconfiança (especialmente se
você for jovem e linda). Não deixe ninguém desconfortável, mas seja sincera. Não
se entregue demais às emoções, mas também não seja muito desinteressada. Se for
muito emocional será vista como histérica. Se for muito ausente será vista como
uma megera insensível.
Os homens também sofrem por ter
um estereótipo esperado pela sociedade como o mais adequado, caso contrário,
seria vergonhoso não conter tais atributos: conquistador, controle emocional,
assumir riscos, violento, dominador, hedonismo, autossuficiente, supremacia no
trabalho, poder sobre as mulheres, desprezo sobre a homossexualidade e busca de
status.
Quanto a vulnerabilidade, a
autora cita alguns escudos que as pessoas utilizam para se protegerem contra a
vulnerabilidade e ela indica qual prática seria mais adequada para utilizar aquela
vulnerabilidade a seu favor.
O primeiro escudo é o da
alegria como sinal de que vai acontecer algo ruim. A melhor prática seria
agradecer esse momento alegre.
O segundo escudo é o do
perfeccionismo como tentativa de obter aprovação. A melhor prática seria apreciar
a beleza das falhas.
O terceiro escudo é o do
entorpecimento como forma de anestesiarmos a dor que estamos sentindo. A melhor
prática seria impor limites aos entorpecimentos, encontrando um bem-estar
verdadeiro de forma que cuide do espírito.
O quarto escudo é o do
viking ou vítima, o qual teria como melhor prática a redefinição do sucesso, a
restituição da vulnerabilidade e a busca do apoio.
O quinto escudo é o do
holofote, o qual teria como melhor prática deixar as intenções claras, impondo
limites, cultivando vínculos, quando não estiver tentando preencher carências,
e compartilhando informação, quando ela estiver ligada à cura.
O sexto escudo é o do invadir
e roubar, que tem como prática adequada o questionamento das intenções, o estar
presente, prestar atenção e seguir em frente.
O sétimo e último escudo é o
da desconfiança, crítica, frieza e crueldade, tendo como prática adequada o
andar na corda bamba, praticando a resiliência e avaliando a realidade.
Quanto a motivação e
ousadia, a autora afirma que “...não se pode aprender de cabeça baixa e boca
fechada”. Nesse ínterim, ela complementa
que “Nenhuma empresa ou escola pode ter sucesso sem criatividade, inovação e
aprendizado permanente, e a maior ameaça a esses três elementos é a falta de
motivação (...) Quando estamos desmotivados, nós não nos mostramos, não contribuímos
e deixamos de nos importar”.
Com relação a criação de
filhos, a autora julga que os filhos serão, não as lições que passamos para
eles, mas a cópia de quem somos e como nos relacionamos com o mundo. Portanto,
sentimentos de amor, aceitação e contato, responsáveis pelo sofrimento enquanto
adultos, foram gerados pela maneira como vimos nossos pais se relacionarem com
o mundo.
Dessa forma, a autovalorização
e a consciência de que a vulnerabilidade é o que molda quem nós somos devem
estar presentes nos pais para que os filhos estejam seguros na tarefa de agir
com ousadia e coragem de ser imperfeito.
Ao iniciar a leitura das temáticas
do livro, pensei que talvez elas não se encaixassem na minha realidade de vida.
No entanto, no seu percorrer notei que eu estava totalmente embebida pelos
valores discutidos.
Tendo em mente que a coragem
de ser imperfeito é a eterna busca pela plenitude, os valores que mais me
impactaram foram a luta contra a vergonha, buscando coragem para sempre estar
motivado e ousado, a fim de ser uma pessoa inovadora e autovalorizada, que
possa transmitir esses valores para seus filhos.
Assim, recomendo essa
leitura a fim de que você faça uma autoavaliação de modo que descubra coisas
que estão limitando seu crescimento espiritual, físico, profissional ou emocional
para que possa ter as ferramentas mais adequadas para combatê-las.