quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

O LIVRO DA BÍBLIA - TAMMI SCHNEIDER, BENJAMIN PHILLIPS, SHELLEY BIRDSONG, GUY CROTON, ANDREW KERR-JARRETT, NICHOLAUS PUMPHREY, ANDREW STOBART




O Livro da Bíblia é dividido em seis capítulos: o Gênesis; o Êxodo a Deuteronômio; os Livros Históricos; a Sabedoria e Profetas; os Evangelhos; e os Atos, Epístolas e Apocalipse.
Além desses capítulos, ele conta com uma introdução que chama a atenção para o tema recorrente bíblico da fraqueza humana.
A fraqueza humana é um tema recorrente na Bíblia. Mesmo os maiores líderes são apresentados como falhos. Jacó é um mentiroso manipulador. Sansão fornicou com Dalila, Davi cometeu adultério com Bate-Seba e matou o marido dela para acobertar isso, e até os profetas Elias e Jeremias quiseram fugir de seu chamado. Deus usa o fraco para confundir o forte. Ele faz de Seu povo escolhido (Israel) uma nação escrava, de seu libertador (Moisés) um assassino, de mulheres estéreis mães (Sara e Ana) e de um pastor um rei (Davi). No Novo Testamento, Deus usa assassinos (Paulo) e líderes fracassados (Pedro) para espalhar os ensinamentos de Jesus. (p.14)

No primeiro capítulo, Gênesis, ele deixa claro que a ciência e o Gênesis não são necessariamente incompatíveis. Além disso enfatiza os atributos mais significativos partilhados por Deus e a humanidade, os atributos espirituais: intelecto, racionalidade, moralidade, livre-arbítrio, criatividade e compaixão.
Dentro do atributo do livre-arbítrio, o autor levanta a questão de que se as pessoas tem livre poder de escolha, como Deus pode antever o que elas vão escolher. É o caso de Jeremias, que tinha pouca escolha, pois os eventos que moldaram sua existência foram pré-ordenados por Deus quando ele estava no ventre da mãe. Este não é somente o caso de Jeremias, mas de todos os profetas que relutaram inicialmente, pois nenhum conseguiu resistir aos propósitos de Deus.
Nesse mesmo capítulo, denota-se ainda o que seria pecado segundo a leitura cristã da Bíblia, seria uma ação, atitude ou pensamento deliberado contra Deus, incluindo o que é feito e não deveria ser e o que não é feito e deveria, ou seja, pecados por omissão.
O capítulo acrescenta os diversos nomes que são dados a Deus: El é muitas vezes usado em compostos; Eloim enfatiza a universalidade de Deus; e Yahweh é o nome pessoal do Deus de Israel; e conta a história da Arca de Noé, revelando que Deus arrepende-se de ter feito a humanidade e, por isso, envia o dilúvio, o que prova que Deus é um ser que também se arrepende das coisas que faz.
Fato interessante que o capítulo levanta é que apesar de ser contra a mentira, Deus permite que Abraão minta para Faraó para salvar sua vida, embora não aprove seu comportamento.
Por fim, apesar de ser conhecido que o pecado de Sodoma e Gomorra era a homossexualidade, o capítulo alerta que em Isaías e em Ezequiel alguns trechos demonstram que eles também abandonaram a justiça e negligenciaram para com os pobres.
No início do segundo capítulo, Jesus é visto como um segundo Moisés, que oferece a salvação a partir da morte.
Cabe ressaltar que as tentativas de “ligar o livro do Êxodo a eventos históricos se provaram inúteis” (p.64).
Esse capítulo é o chamado Torá, constituído pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis (já estudado no primeiro capítulo deste livro), Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Para os judeus, a Torá é o texto bíblico mais relevante, porque estabelece a relação de Deus  com Seu Povo Escolhido, enquanto para os cristãos Moisés pressagia o Messias que virá. No Alcorão, a Torá é referida como al-kitab (“o livro”) e Moisés (Musa) é mencionado mais vezes que qualquer outro profeta. (p. 65).

Para explicar o episódio da sarça ardente, o capítulo cita uma planta inflamável Dictamnus que é recoberta de óleos voláteis com base em isopreno, que pegam fogo facilmente no calor, sendo esses óleos naturais que queimam, e não o próprio arbusto. Portanto, as igrejas que utilizam a sarça como símbolo sugerem que a igreja sofre mas continua viva.
No Torá se demonstra aos israelitas que ao obedecer à lei se recebe prosperidade, no entanto, quando se desobedece é castigado. Cabe ressaltar que os Dez Mandamentos são vistos de modo diverso por vários grupos, o que faz com que a Igreja Católica, por exemplo, não inclua os mandamento que se “referem à criação de imagens de Deus e também especifique como seu próprio mandamento o não dever cobiçar a mulher do próximo”. (p. 82-83).
Além dos Dez Mandamentos, em Deuteronômio há um código de leis que ajudam os desfavorecidos e estimulam a generosidade.
O Terceiro Capítulo é constituído pelos Livros Históricos: Josué; Juízes; Rute; 1 Samuel; 2 Samuel; 1 Reis; 2 Reis; Neemias; e Ester.
Jericó é um exemplo de cidade que a arqueologia concluiu que não existia na época em que se diz que Josué a conquistou, embora seja possível que eles tenham dominado uma cidade surgida sobre as ruínas de um assentamento anterior.
Apesar de muitos dos lugares citados não terem sido localizados ou a datação não ter sido ajustada à que a Bíblia deu, a queda de Jerusalém e o exílio do povo de Judá na Babilônia correspondem a evidências históricas.
Jerusalém caiu em caos total, com fome tão grave na cidade que pais comiam os próprios filhos pra viver. A cidade foi totalmente destruída, inclusive as fortificações e o Templo de Salomão.
O Quarto Capítulo é composto pelos Livros de Sabedoria e dos Profetas: Jó; Salmos; Provérbios; Cânticos dos Cânticos; Isaías; Jeremias; Lamentações; Ezequiel; Daniel; Jonas; Miquéias; e Sofonias.
É difundido que Jó não reclamou mesmo nas adversidades em que passou. No entanto, o livro de Jó serve para demonstrar que o sofrimento é natural e “que é como o justo reage a ele que se define a força de sua fé. (...) os mistérios do divino estão além do entendimento humano, assim como as razões do sofrimento.” (p. 147).
Curiosamente, apesar de muitos acreditarem que os Salmos foram escritos por Davi, eles foram escritos inspirados por ele e por eventos de sua vida, mas não diretamente por ele, e muitos dos Provérbios são emprestados da literatura da sabedoria egípcia.
O Quinto Capítulo é formado pelos Evangelhos: Lucas, Mateus, Marcos e João. Segundo os Evangelhos, Jesus veio para demonstrar que Ele não está
preocupado em estabelecer um código moral para um reino terreno definido; em vez disso, apresenta um quadro da vida no reino espiritual de Deus no céu, acessível a todos os povos de todos os tempos. (...) Jesus, porém, diz que a adesão rígida à Lei de Moisés não é suficiente para garantir às pessoas um lugar no Reino de Deus (...) na verdade, Sua Lei deve transformar os desejos e as motivações do íntimo daqueles que buscam obedecer-Lhe (...) Seus discípulos devem apenas se abster de mata, mas evitar a raiva ou ridicularizar os outros, e das prioridade ao perdão e à reconciliação. Olhares libidinosos devem ser considerados tão perigosos quanto o adultério, e as relações conjugais não devem ser rompidas a não ser em caso claro de infidelidade. Os discípulos devem não só manter os juramentos que fizeram a Deus, como ser fiéis a cada palavra que disseram (...) nunca revidem e orem sempre por aqueles que buscam lhes fazer mal (...) Jesus ensina que Deus não ouve as orações porque são altas ou longas, mas porque são oferecidas com humildade e confiança em Deus (...) Seus discípulos não devem gastar tempo procurando defeitos nas outras pessoas, mas deixar todos os julgamentos para Deus (...) generosidade e o perdão são mais valorizados que a força (...) confiança em Deus importa mais que qualquer outra virtude (p. 207-209)

Os Evangelhos tratam da Regra de Ouro, ou seja, aquela que diz que devemos tratar os outros como esperamos que os outros nos tratam.
Além disso, enfatizam que mesmo àqueles que se voltam ao Senhor mais tarde terão o mesmo direito à salvação que os que vieram ao Senhor antes, por isso, nunca é tarde demais para retornar a Deus.
Para se voltar ao Senhor é necessário fé, que é um dom de Deus. “Considera-se que o dom da fé é recebido ao ouvir a Palavra de Deus, que infunde a fé no coração de uma pessoa, assim como as primeiras palavras de Deus na Bíblia...” (p. 239).
O Sexto e último Capítulo é o dos Atos, Epístolas e Apocalipse: Atos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, Efésios, Filipenses, Tiago e Apocalipse.
Continuando a questão da fé, enquanto Paulo afirma nas Epístolas aos Efésios que a salvação pessoal somente depende da fé, Tiago discorda, rejeitando a fé sem obras. Esse é um ponto chave do debate entre católicos e protestantes. Enquanto católicos veem as obras como um acréscimo necessário a fé, os protestantes as consideram como o resultado de uma fé genuína.
Interessante que o capítulo revela que Pedro foi crucificado de ponta-cabeça e Paulo foi decapitado, na perseguição deflagrada pelo imperador Nero em 64-68 d.C. , enquanto Timóteo foi espancado por uma multidão até morrer, em Éfeso, em 97 d.C.
Apesar de ser um livro longo, em torno de 330 páginas, é de fácil leitura e estimulante. Pode ser lido tanto por pessoas que não conhecem a Bíblia, como forma de estímulo para conhece-la, quanto por pessoas que já a conhecem, mas querem relembrar toda sua história de forma rápida e didática.
Além de contar as principais histórias da Bíblia, o livro é alimentado por fatos históricos e científicos, demonstrando as similaridades e discrepâncias entre as religiões monoteístas que reconhecem Moisés como pai: judaísmo, cristianismo e islamismo, o que torna o estudo teológico mais completo que a própria Bíblia em si.
Dessa forma, julgo ser um bom livro para estudiosos da Bíblia a fim de ter uma visão geral de um conteúdo tão extenso que forma a própria Bíblia em uma linguagem mais coloquial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário