quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A CORAGEM DE SER IMPERFEITO – BRENE BROWN



Construído a partir da sua tese de doutorado, Brene Brown divide seu livro em sete capítulos, os quais tem como temática a ousadia, a escassez, a vulnerabilidade, a vergonha, os valores, a motivação, a ousadia e a criação dos filhos.
Ela define a coragem de ser imperfeito como sendo a coragem de buscar a plenitude, ou seja, cultivar: a autenticidade, se libertando do que os outros pensam; a autocompaixão, se libertando do perfeccionismo; o espírito flexível, se libertando da monotonia e da impotência; a gratidão e a alegria, se libertando do sentimento de escassez e do medo do desconhecido; a intuição e a fé, se libertando da necessidade de certezas; a criatividade; se libertando da comparação; o lazer e o descanso, se libertando da exaustão como símbolo de status e da produtividade como fator de autoestima; a calma e a tranquilidade, se libertando da ansiedade como estilo de vida; as tarefas relevantes, se libertando de dúvidas e suposições; e as risadas, músicas e danças, se libertando da indiferença e de estar sempre no controle.
Sobre a temática escassez, a autora o define como o problema de nunca ser o bastante.
Já, sobre a vergonha, ela assinala que ela se transforma em medo e ele leva a aversão ao risco, aniquilando a possibilidade de inovação. A forma para destruir esse processo é por meio da palavra e a da conversa, pois “quanto menos nós falamos sobre a vergonha, mais controle ela terá sobre nossas vidas”.
Para tanto, a autora cita os elementos da resiliência à vergonha: reconhecer a vergonha e compreender seus mecanismos; praticar a consciência crítica; ser acessível; e falar da vergonha.
É importante salientar quais áreas a sociedade mais aborda como vergonhosos, segundo a autora: a aparência e imagem corporal; dinheiro e trabalho; maternidade / paternidade; família; criação de filhos; saúde física e mental; vícios; sexo; velhice; religião; traumas; e estigmas ou rótulos.
Achei importante citar um trecho do livro em que ela trata do perfil esperado pela sociedade de uma mulher perfeita que não tenha com o que se envergonhar:
Seja perfeita, mas não se preocupe muito com isso e não sacrifique o tempo com sua família, seu cônjuge ou seu trabalho para atingir a perfeição. Se você for realmente boa, a perfeição virá naturalmente. Não incomode ninguém nem fira os sentimentos alheios, mas diga o que pensa. Liberte sua sexualidade (depois de botar as crianças para dormir, passear com o cachorro e arrumar a casa), mas faça isso com discrição, dentro dos padrões aceitáveis. Seja você mesma, mas sem que isso signifique ser tímida ou insegura. Não há nada mais atraente do que a autoconfiança (especialmente se você for jovem e linda). Não deixe ninguém desconfortável, mas seja sincera. Não se entregue demais às emoções, mas também não seja muito desinteressada. Se for muito emocional será vista como histérica. Se for muito ausente será vista como uma megera insensível.

Os homens também sofrem por ter um estereótipo esperado pela sociedade como o mais adequado, caso contrário, seria vergonhoso não conter tais atributos: conquistador, controle emocional, assumir riscos, violento, dominador, hedonismo, autossuficiente, supremacia no trabalho, poder sobre as mulheres, desprezo sobre a homossexualidade e busca de status.
Quanto a vulnerabilidade, a autora cita alguns escudos que as pessoas utilizam para se protegerem contra a vulnerabilidade e ela indica qual prática seria mais adequada para utilizar aquela vulnerabilidade a seu favor.
O primeiro escudo é o da alegria como sinal de que vai acontecer algo ruim. A melhor prática seria agradecer esse momento alegre.
O segundo escudo é o do perfeccionismo como tentativa de obter aprovação. A melhor prática seria apreciar a beleza das falhas.
O terceiro escudo é o do entorpecimento como forma de anestesiarmos a dor que estamos sentindo. A melhor prática seria impor limites aos entorpecimentos, encontrando um bem-estar verdadeiro de forma que cuide do espírito.
O quarto escudo é o do viking ou vítima, o qual teria como melhor prática a redefinição do sucesso, a restituição da vulnerabilidade e a busca do apoio.
O quinto escudo é o do holofote, o qual teria como melhor prática deixar as intenções claras, impondo limites, cultivando vínculos, quando não estiver tentando preencher carências, e compartilhando informação, quando ela estiver ligada à cura.
O sexto escudo é o do invadir e roubar, que tem como prática adequada o questionamento das intenções, o estar presente, prestar atenção e seguir em frente.
O sétimo e último escudo é o da desconfiança, crítica, frieza e crueldade, tendo como prática adequada o andar na corda bamba, praticando a resiliência e avaliando a realidade.
Quanto a motivação e ousadia, a autora afirma que “...não se pode aprender de cabeça baixa e boca fechada”.  Nesse ínterim, ela complementa que “Nenhuma empresa ou escola pode ter sucesso sem criatividade, inovação e aprendizado permanente, e a maior ameaça a esses três elementos é a falta de motivação (...) Quando estamos desmotivados, nós não nos mostramos, não contribuímos e deixamos de nos importar”.
Com relação a criação de filhos, a autora julga que os filhos serão, não as lições que passamos para eles, mas a cópia de quem somos e como nos relacionamos com o mundo. Portanto, sentimentos de amor, aceitação e contato, responsáveis pelo sofrimento enquanto adultos, foram gerados pela maneira como vimos nossos pais se relacionarem com o mundo.
Dessa forma, a autovalorização e a consciência de que a vulnerabilidade é o que molda quem nós somos devem estar presentes nos pais para que os filhos estejam seguros na tarefa de agir com ousadia e coragem de ser imperfeito.
Ao iniciar a leitura das temáticas do livro, pensei que talvez elas não se encaixassem na minha realidade de vida. No entanto, no seu percorrer notei que eu estava totalmente embebida pelos valores discutidos.
Tendo em mente que a coragem de ser imperfeito é a eterna busca pela plenitude, os valores que mais me impactaram foram a luta contra a vergonha, buscando coragem para sempre estar motivado e ousado, a fim de ser uma pessoa inovadora e autovalorizada, que possa transmitir esses valores para seus filhos.
Assim, recomendo essa leitura a fim de que você faça uma autoavaliação de modo que descubra coisas que estão limitando seu crescimento espiritual, físico, profissional ou emocional para que possa ter as ferramentas mais adequadas para combatê-las.

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