quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

MULHERES QUE AMAM DEMAIS – ROBIN NORWOOD


Nunca começo a ler um livro sem ter a pretensão de aprender algo com ele ou, ao menos, abstrair coisas positivas para minha vida, que me façam crescer e amadurecer.
Apesar do título deste livro não ser nada convidativo para mim, pois não me vejo uma mulher que ama demais, resolvi comprá-lo para verificar se eu não era uma vítima de um autoconhecimento errôneo de minha identidade como mulher.
Não sabia da fama deste livro, até que pesquisei mais a fundo antes de iniciar a leitura.
A autora divide a sua obra em Prefácio, Introdução, 11 capítulos e os Apêndices: Como começar seu próprio grupo de apoio, Fontes de ajuda, Leitura sugerida e Afirmações.
O livro define amar demais como sendo “ser obcecada por um homem e chamar essa obsessão de amor, permitindo-lhe controlar suas emoções e grande parte de seus comportamentos, percebendo que isso influi negativamente em sua saúde e seu bem-estar e ainda assim se vendo incapaz de desistir.”
Mulheres que amam demais tipicamente foram criadas em lares disfuncionais, ou seja, lares cujos membros tem papeis rígidos e a comunicação é restrita às afirmações que se encaixam nestes papeis, negando os principais aspectos da realidade e não suprindo as necessidades emocionais das crianças.
Partindo da necessidade de ser suprida emocionalmente, as mulheres que amam demais tornam-se protetoras e abnegadas na busca de superar seus medos, raivas, frustrações e dores da infância por meio de homens emocionalmente indisponíveis.
Como ela se sente responsável pelos problemas do seu lar de origem e pela solução deles, usam o poder e a persuasão de seu amor para tentar modificar relacionamentos ruins e, consequentemente, em sua visão, sentir-se melhor.
Contando com diversos estudos de caso que comprovam a personalidade marcante da mulher que amam demais e suas características, o livro demonstra a necessidade de tratar este fato como doença.
Assim, como tal, esta doença deve ser tratada por meio de alguns passos: procurar ajuda, tornar sua recuperação a principal prioridade na vida, encontrar um grupo de apoio de semelhantes que a compreendam, desenvolver sua espiritualidade por meio da prática diária, parar de dirigir e controlar os outros, aprender a não entrar em jogos, enfrentar seus problemas e defeitos, cultivar o que precisa ser desenvolvido em si mesma, pensar em si e partilhar com os outros o que você experimentou e aprendeu.
Algumas características de mulheres que conseguiram se recuperar são: autoaceitação, aceitação do outro como é, consciência de seus sentimentos e atitudes, autovalorização e autoestima.
Ao me autoanalisar para verificar se me encaixava dentro deste padrão de mulher, constatei que apesar de eu vir de um lar disfuncional (permeada pelo abuso de álcool, pela violência física contra minha mãe e da minha mãe contra os filhos e por discussões e tensões constantes), de (antes de me casar) sentir atração por homens que eu poderia mudar por meio do meu amor, de me sentir incomodada com um possível abandono e de minha autoestima ser baixa, não me enquadro no perfil de ser cuidadora, de tentar agradar demais, de assumir mais responsabilidade e culpa no relacionamento que o parceiro, de tentar controlar o outro, de  ser viciada em homens e em dor emocional, de ser viciada em doces ou drogas, de me sentir atraída por pessoas com problemas e de achar homens gentis, estáveis, confiáveis e interessados em mim entediantes.
Houve até um estudo de caso que me identifiquei ao caracterizar o lar disfuncional: “Minha mãe e eu éramos bem próximas, mas muito cedo, tão cedo que nem consigo me lembrar de quando isso aconteceu, comecei a agir como se eu fosse a mãe e ela fosse a filha”, “A infelicidade de minha mãe me magoava muito”. Fora isto, não encontrei outras similaridades.
De fato não sou uma mulher que ama demais, mas, por incrível que pareça, pude constatar que estou rodeada por elas.

Quem sabe você é uma delas e não sabe (ou não quer saber). Vale a pena conferir.

2 comentários:

  1. Boa tarde, ando á procura deste livro, acha que poderia vender-mo? Está esgotado. Queria mesmo comprá-lo

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  2. Perfeita sua crítica. Também ao ler o livro "me procurei" e me encontrei lá pois nasci em um lar problemático ao extremo, com pai alcóolatra, mãe humilhada diariamente pelo marido, na adolescência era proibida de tudo, mulheres naquele tempo tinham que se tornar esposas. Eu infringi a regra social e me tornei mãe solteira aos 25 anos (anos 80). Minha mãe ficou sem falar comigo por dois anos e tive que depender financeiramente da família. Perdoei pai, mãe e sou grata por tudo que tive de bom em todas as situações. Quebrei tabus e padrões e me sinto feliz por ser hoje o que sou: uma velhinha aposentada que é cuidada por seu filho amado. Amei e amo meu filho a ponto de dizer-lhe não com segurança e jamais permiti ou permitirei ser tratada de outra maneira que não seja amor. Homens problemáticos? Jamais aceitei.

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