Nunca começo a ler um livro
sem ter a pretensão de aprender algo com ele ou, ao menos, abstrair coisas
positivas para minha vida, que me façam crescer e amadurecer.
Apesar do título deste livro
não ser nada convidativo para mim, pois não me vejo uma mulher que ama demais,
resolvi comprá-lo para verificar se eu não era uma vítima de um
autoconhecimento errôneo de minha identidade como mulher.
Não sabia da fama deste
livro, até que pesquisei mais a fundo antes de iniciar a leitura.
A autora divide a sua obra
em Prefácio, Introdução, 11 capítulos e os Apêndices: Como começar seu próprio
grupo de apoio, Fontes de ajuda, Leitura sugerida e Afirmações.
O livro define amar demais
como sendo “ser obcecada por um homem e chamar essa obsessão de amor,
permitindo-lhe controlar suas emoções e grande parte de seus comportamentos,
percebendo que isso influi negativamente em sua saúde e seu bem-estar e ainda
assim se vendo incapaz de desistir.”
Mulheres que amam demais
tipicamente foram criadas em lares disfuncionais, ou seja, lares cujos membros
tem papeis rígidos e a comunicação é restrita às afirmações que se encaixam
nestes papeis, negando os principais aspectos da realidade e não suprindo as
necessidades emocionais das crianças.
Partindo da necessidade de
ser suprida emocionalmente, as mulheres que amam demais tornam-se protetoras e
abnegadas na busca de superar seus medos, raivas, frustrações e dores da
infância por meio de homens emocionalmente indisponíveis.
Como ela se sente responsável
pelos problemas do seu lar de origem e pela solução deles, usam o poder e a
persuasão de seu amor para tentar modificar relacionamentos ruins e,
consequentemente, em sua visão, sentir-se melhor.
Contando com diversos
estudos de caso que comprovam a personalidade marcante da mulher que amam
demais e suas características, o livro demonstra a necessidade de tratar este
fato como doença.
Assim, como tal, esta doença
deve ser tratada por meio de alguns passos: procurar ajuda, tornar sua
recuperação a principal prioridade na vida, encontrar um grupo de apoio de
semelhantes que a compreendam, desenvolver sua espiritualidade por meio da
prática diária, parar de dirigir e controlar os outros, aprender a não entrar
em jogos, enfrentar seus problemas e defeitos, cultivar o que precisa ser
desenvolvido em si mesma, pensar em si e partilhar com os outros o que você
experimentou e aprendeu.
Algumas características de
mulheres que conseguiram se recuperar são: autoaceitação, aceitação do outro
como é, consciência de seus sentimentos e atitudes, autovalorização e
autoestima.
Ao me autoanalisar para
verificar se me encaixava dentro deste padrão de mulher, constatei que apesar
de eu vir de um lar disfuncional (permeada pelo abuso de álcool, pela violência
física contra minha mãe e da minha mãe contra os filhos e por discussões e
tensões constantes), de (antes de me casar) sentir atração por homens que eu
poderia mudar por meio do meu amor, de me sentir incomodada com um possível
abandono e de minha autoestima ser baixa, não me enquadro no perfil de ser
cuidadora, de tentar agradar demais, de assumir mais responsabilidade e culpa
no relacionamento que o parceiro, de tentar controlar o outro, de ser viciada em homens e em dor emocional, de
ser viciada em doces ou drogas, de me sentir atraída por pessoas com problemas
e de achar homens gentis, estáveis, confiáveis e interessados em mim
entediantes.
Houve até um estudo de caso
que me identifiquei ao caracterizar o lar disfuncional: “Minha mãe e eu éramos
bem próximas, mas muito cedo, tão cedo que nem consigo me lembrar de quando
isso aconteceu, comecei a agir como se eu fosse a mãe e ela fosse a filha”, “A
infelicidade de minha mãe me magoava muito”. Fora isto, não encontrei outras
similaridades.
De fato não sou uma mulher
que ama demais, mas, por incrível que pareça, pude constatar que estou rodeada
por elas.
Quem sabe você é uma delas e
não sabe (ou não quer saber). Vale a pena conferir.